07/10/2011

Um balanço de pneu

Acho que ela tem alguma ligação com idosos..
Certo tempo atras, quando não tinha o que fazer, ou apenas por vontade de ficar sozinha com seus pensamentos ela saia pra andar...muitas vezes pegava o onibus em direção ao centro, e no caminho decidia onde ia descer...algumas vezes desceu no calçadão, e saiu andando sem rumo, com os fones de ouvido no ultimo volume...ela não sabia exatamente de que maneira isso ajudava, mas ajudava.
Um dia ela desceu no centro, e foi andando refazendo o caminho que tinha acabado de fazer com o onibus, e foi parar no parque da cidade, um parque enorme chamado de Parque do povo... e resolveu seguir andando por la.
Avistou então um balanço de pneu, e correu feito criança, sentou, jogou a bolsa na grama, e começou a se balançar, olhando pro céu...sentindo hora ou outra os raios do sol tocando seu rosto por entre as folhas de uma arvore que estava ao lado do balanço...
Ela não lembra que musica tocava em seus fones de ouvido, também não lembra porque estava angustiada, ela só se lembra que sentada ali , olhando pro céu, e se balançando tentando alcança-lo, acalma, a paz invadiu seu coração.
O vento jogava seus cabelos pra trás, e ela abria os braços, parecia estar voando...ela sempre quis voar.
Uma sombra na grama a fez parar o balanço, era uma senhorinha que tinha se aproximado, e disse que estava um dia muito bonito, e perguntou o que ela fazia sozinha, se estava tudo bem.
Ela sorriu , era uma senhora com um carrinho de feira, de chapeu , meias e chinelo de dedo.
A menina respondeu que estava tudo bem sim, que ela gostava daquele lugar.
A senhora não acreditou e falou "Mesmo se não tiver tudo bem, tudo vai ficar, Deus é grande..."
Ela pra variar, se deixou emocionar pelas palavras da senhora, foram palavras simples, que podia e ja fora ouvida de outras pessoas, mas vindo daquela senhora, tudo fez mais sentido, ela não a conhecia, mas falou com uma sabedoria, com uma fé, e com um brilho nos olhos, nos pequeninos olhos castanhos, que a menina acreditou muito mais nela do que em qualquer outra pessoa.
A menina agradeceu, a senhora sorriu, e desejou boa sorte, e saiu andando levando seu carrinho de feira e seus chinelos de dedo.
A menina por um minuto estranhou, em vez de seguir um caminho em direção a calçada, a senhora continuou a caminhar pela grama em direção a umas arvores que de tão grandes e cheias, não deixavam quase nenhum raio de sol tocar o chão.
A menina voltou a se balançar, com mais vontade e mais impulso, agora ela sabia, tudo ia dar certo, ela viu isso naqueles pequenos olhos castanhos.

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