14/04/2011
"A trote no teu cavalo da fantasia és livre, como ninguém ..."
Sempre tive uma paixão inexplicável por cavalos
Ainda criança lembro de ir no sitio de uns amigos do meu pai..eu , junto com meus irmãos e as demais crianças que estavam la, fomos ver os cavalos...e não esqueço quando resolvemos andar neles...algum adulto, no momento não me recordo qual, buscou e preparou o cavalo mais mansinho que tinha la...e colocou um por um de nos pra andar, claro, ele puxando por uma cordinha.
Depois de um tempo pegamos mais confiança e eu inventei de subir sozinha..antes que ele ou algm pudesse segurar a cordinha eu disparei com o cavalo...e ali foi que surgiu essa paixão..
Nem o grito de td mundo la atrás me tirou daquele extase que eu me encontrava, era uma sensação de liberdade, de aventura, adrenalina, só eu e ele, e um enormeee e longo pedaço de terra.
Infelizmente, pra minha tristeza, esse pedaço de terra tinha um bloqueio..uma porteira...e avistando a porteira o cavalo diminuiu..e parou..como se esperasse que eu a abrisse pra que continuássemos a correr sem rumo...
Infelizmente demorei a entender isso, e até eu conseguir fazer ele andar dnovo , o pessoal já tinha chegado pra me "acudir' ...eu desci rindo, ignorando qualquer bronca que estava levando..
Tenho quase certeza que nem minha mãe lembra disso...na verdade, nem eu sei como eu me lembro..devia ter uns sete anos de idade...
Ainda acreditava em Papai-Noel, e a partir daí o bom velhinho ia cansar de ler minhas cartinhas pedindo um cavalo...e ia cansar de ouvir tbm, já que sempre que o via no shopping fazia questão de esperar na fila, pra cobrar meu cavalo..
Uma vez ele riu...e perguntou se eu tinha onde guardar o presente enorme caso eu ganhasse...eu disse que daria um jeito..ele então me ofereceu um ponei..e qual foi o espanto dele quando eu disse que não queria um ponei, e sim um cavalo de verdade, grande e bonito.
Depois disso demorei mto a voltar a ver um cavalo...
Meus pais se separaram, e me mudei pra São Paulo com minha mãe e meus irmãos...bom fiquei ainda mais distante de voltar a sentir aquela sensação maravilhosa de liberdade...
Dois anos depois, voltei pro interior, pra morar em uma cidade perto da que morava antes...
O marido de minha mae tinha um sitio, e qual foi minha surpresa quando ele me contou e me convidou pra ir com ele no sitio...
Mal deixei ele terminar de falar e disse que iria sim..
Ele disse que pra isso acordaríamos seis horas da manha....mesmo senso mto preguiçosa , isso não foi impedimento pra mim..
A seis horas em ponto eu tava prontinha !
Eu só pensava nos cavalos...fui o caminho inteiro só pensando neles..
Cheguei la , descarreguei algumas coisas, e fiquei ansiosa pro momento que ele me chamasse pra ir ao estábulo..
Comi o mais rápido que pude...quando sai pro quintal, la estava ele...branco, não muito forte, mas muito bonito.
Não tinha nome...mas o caseiro disse q seu filhinho o chamava de Branquinho...
Não tive receio nenhum de me aproximar, corri até ele e passei a mão por seu rosto, abracei sua cabeça, acariciei a crina, e vi..a cela já posta ..meus olhos brilharam...então o caseiro perguntou : "Quer montar? "
Nem respondi, balancei rapidamente a cabeça e já fui montar, ele ainda perguntou se eu queria q ele ficasse do lado com a cordinha, e eu disse que não precisava.
Como se eu já soubesse exatamente o que fazer, dei-lhe um chutinho leve pra ele sentir que já podíamos ir, e ele foi...
Andei até avistar uma vastidão verde...e não me aguentei...seguei mais forte nas rédeas, me posicionei na cela, e dei o comando...
QUE DELICIA!
Depois de anos sentir novamente aquela sensação, o vento batendo no meu cabelo e na crina dele, como se fossemos um só, correndo pro nada, sem vontade nenhuma de parar...
Nossa, só de escrever meu coração dispara novamente...
Lembro certo dia, quando fui novamente pro sitio, eu subi no Branquinho e meu padrasto em outro cavalo negro...fomos jogar sal pros bois ...porem pra chegar lá tinha chão...e dei a ideia de galoparmos...
Começamos um ao lado do outro, mas o cavalo preto começou a correr mais rapido e nos deixou pra trás...nessa hora conheci o lado competitivo do Branquinho...que disparou como nunca havia disparado antes...
Correu tanto que por alguns segundos eu quase me desequilibrei, cheguei a ficar com medo, mas depois que consegui me equilibrar novamente o medo se transformou em adrenalina...e ele só foi parar de correr quando alcançou o outro cavalo...
Depois disso, sempre que podia voltava ao sítio...não me importava de perder finais de semana longe de amigos ou do conforto de casa...por mim moraria ali, no sitiozinho longe de tudo..cercada por meus amigos equinos, livre ,de pé no mato, na lama, ao lado deles...
Hoje to de volta a essa selva de pedras que é São Paulo...
Minha mãe se separou desse meu ex-padrasto, e portanto nunca mais tive acesso a cavalo nenhum...
Mas eu sei que vou ver, e sei que ainda vou ter o meu próprio cavalo, direto sonho que estou galopando por um campo sem fim, e sempre que vejo um , meu coração dispara denovo...
Acho que nem eu tinha noção do tamanho dessa paixão ...mas hj vendo um filme, meu coração acelerou, meus olhos encheram de lágrimas...
E acreditem, não to sendo dramática...por mim preferia ter um cavalo a ter um carro conversível...
É mais que um meio de transporte, é um amigo, um companheiro, uma vida ...uma liberdade que só um desses proporciona..
Ai que saudade...
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