Corre daqui , corre dali, leva figurino, faz cacho no cabelo, bebe agua, monta cenário, desmonta cenário, troca de figurino onde der, de modo mais rápido possivel, ajuda a colega a fechar vestido, entra com objeto de cena, tira o objeto de cena, relembra o texto, se apresenta, dança, canta, tudo isso com cólica e naqueles dias...
Mas no final ouve os aplausos, da plateia cheia , e todo o sufoco já não é tão sufoco assim.
É assim que tem sido minhas férias de julho...férias camufladas...admito que se por um lado eu fiquei triste de não conseguir viajar pra ver minha família, por outro feliz de saber que estava pisando no palco e tendo mais uma peça para me recordar....
Me descuidei um pouco daqui, descuidei do meu cantinho, do meu "diário" aberto , mas cá entre nós, [quando digo nós sou eu comigo mesma ..faça o favor e sejamos realistas] por mais que eu ame isso aqui não é sempre que tenho vontade de vir expor a rotina, o pensamento, o sentimento , a angustia , a raiva e a alegria.
Mas já que devo uns dias vou recordar algo de bom nas minhas férias...
Lembro da vontade que eu estava de explodir de tanto dançar, e foi exatamente o que eu fiz, e o melhor de tudo, a minha maneira, ouvindo musicas que eu tomei pra mim desde mais nova, músicas que eu me recusava a apresentar pra qualquer colega de escola porque eles jamais entederiam meu gosto "exótico" por músicas latinas como cumbia, salsa, e etc.
Mas lá, nesse lugar que eu fui, tudo era assim, diferente e ao mesmo tempo tão familiar, ouvi musicas que eu só ouvia em casa , com minha mãe, pai e irmãos, e lá comigo estavam meu pai e meu irmão, e uma amiga que é uma irmã também.
Ah minha vontade era de chorar de tanta alegria, meus olhos encheram de lágrimas , mas eu não me permiti chorar , e dancei, dancei como se fosse no meu quarto, dancei aquelas musicas deliciosas que eu sempre quis dançar até meu pé doer, eu finalmente encontrei um lugar onde eu consegui ser eu mesma aqui em São Paulo, e foi a melhor descoberta que fiz desde que vim morar aqui nessa selva de pedra.
Tá, um pouco drámatico esse depoimento, mas e daí, foi o que eu senti, eu fechei os olhos e me acabei de dançar, sozinha, com meu pai, com minha amiga, e sozinha de novo, na ponta do pé, com o cabelo na cara, suando muito, tomando agua , e voltando a dançar, rodando, rindo, dando gargalhada, e só de falar minhsa mãos começam a tremer e meus pés começam a se movimentar, meu coração por dentro já esta agitado... se eu pudesse aquele lugar seria minha segunda casa.
Infelizmente como já havia dito aqui, o dinheiro pra estar lá não é assim tão animador, mas uma vez ou outra eu posso ficar tranquila por saber que quando eu precisar vou ter esse lugar pra matar minha sede de dançar.
Bom, deixa eu voltar pra vida real que tenho uma porquinha chorona pra dar atenção...
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